Título: Insígnias
Autora: Karol Blatt
Número de páginas: 374
Ano: 2017
Editora: Bezz
* Exemplar cedido em parceria com a editora.
Hadassa Belshoff é uma jovem judia que vê a vida se transformar em um tormento assim que sua casa é invadida por soldados alemães no auge da Segunda Guerra Mundial.
O objetivo? O ódio que os nazistas nutriam pelo povo judeu, o qual sofria atrocidades em prol da "purificação da raça humana". Além de serem humilhados, castigados e maltratados, estavam destinados aos campos de concentração, onde seriam, por fim, exterminados. E naquela manhã em que a família Belshoff foi separada, não seria diferente.
O que Hadassa sequer poderia imaginar é que seu ato de coragem e de determinação ao defender sua irmã mais nova, Lotti, de um possível estupro, fosse capaz de atrair a atenção do insensível oficial Ahren Müller, que decide levá-la como prisioneira para trabalhar em sua casa na Polônia. Foi assim que ela perdeu o contato com a irmã e nunca mais ouviu falar em seus pais. Porém, o impacto de ser arrancada do seio familiar era apenas o começo de uma trajetória regada por muita dor, sofrimento e tristeza.
"Chorei em silêncio pela separação da minha família e por estar em um lugar distante à mercê de qualquer crueldade. Chorei por não saber o futuro que teria e se teria um futuro no meio de tudo aquilo. Chorei até que não restasse nada além da dor oca dentro de mim."
Tratada com hostilidade por um homem adepto à uma ideologia desumana, ela encontrará um pouco de conforto na amizade com a pequena Lindie, a irmã mais nova de Müller que, em sua inocência de criança, não vê motivos para tratá-la de maneira diferente.
Mas, aos poucos, algumas mudanças sutis começam a acontecer na relação entre a prisioneira judia e seu algoz nazista. O olhar de desprezo, vez ou outra era substituído pelo de curiosidade, o toque que antes era doloroso, se tornava gradativamente mais suave, e as palavras duras iam ficando de lado, despertando em ambos sentimentos nunca antes sentidos.
"A agonia parecia crescer dentro de mim com tanta força que impedia meus pulmões de realizar seu trabalho normalmente. E, naquele momento, eu desejei o próprio fim da minha existência. Era melhor estar morta do que possivelmente apaixonada por Ahren Müller."
Vítima de um dos momentos mais marcantes e cruéis da história da humanidade, Hadassa vive um impasse ao se sentir dividida entre a razão e a emoção. Como poderia nutrir algum tipo de sentimento por um homem responsável por exterminar o seu povo?
A fim de preservar os seus princípios, porém contrariando toda e qualquer lógica, ela age por impulso e salva a vida de Ahren de uma emboscada. E esse fator foi determinante para que o oficial alemão questionasse seus conceitos e percebesse o quão cruel eram os ideais nazistas que o regiam.
"Ahren teria de conviver com aquele tormento pelo resto de seus dias. Ele sempre sofreria por ter sido quem foi. Mas eu estaria do lado dele para lembrá-lo da pessoa que ele havia se tornado."
Eis que surge em meio à guerra o sentimento mais lindo que pode existir: o amor. Duas pessoas marcadas pelo ódio entre seus povos, mas que estão dispostas a lutar até o fim e pagar o preço que for para viver esta paixão proibida. Mas será que um grande amor pode sobreviver a uma grande guerra?
"Ahren e eu éramos uma união imprevisível e instável, não por nossos sentimentos em relação um ao outro, porque isso já estava solidificado dentro de nós, mas pela época e a condição em que vivíamos. E, no entanto, ali estávamos nós como dois bobos apaixonados, vivendo um romance complicado. Romeu e Julieta com certeza nos invejariam pela situação dramática."
Insígnias é um livro inquietante, capaz de deixar o leitor com os nervos à flor da pele e despertar os sentimentos mais contraditórios possíveis. Com uma temática que tem como pano de fundo um dos períodos mais caóticos da humanidade, somos apresentados a dois personagens que encontram-se em lados distintos, mas que estão dispostos a enfrentar tudo em nome do amor. Em seu enredo, Karol Blatt consegue desenvolver com perfeição o cenário, o enredo e os personagens, nos deixando extasiados e amedrontados diante da ameaça sufocante da morte.
Hadassa é o tipo de mulher forte que não sucumbe diante do mal. Mesmo com o coração em pedaços, ela tem fé e coragem para lutar e viver um dia de cada vez. Tendo o amor como ponto de partida em sua busca por sobrevivência, a perseverança e as lutas internas da personagem no decorrer do livro servem de aprendizado para nós e, sem dúvida, a desconstrução de conceitos pré-estabelecidos é o ponto alto da narrativa, pois nos leva à diversas conclusões sobre nossa própria vida, inclusive a de que, por mais adversa e terrível que seja a situação em que nos encontramos, se semearmos amor, aprenderemos a enxergar a possibilidade de amar com outros olhos. Apaixonante do início ao fim, Insígnias é capaz de mostrar o outro lado da moeda e a vida sob outra ótica.
Posso dizer que fazia tempo que eu não tinha me emocionado tanto com uma narrativa, foi uma experiência totalmente gratificante e surpreendente. Com uma capa maravilhosa e um significado profundo envolvendo o título, essa leitura é obrigatória para os fãs de romance histórico e da literatura nacional.
*** Este livro foi o escolhido do mês de junho para cumprir o Desafio 12 Meses Literários 2018, cujo tema era meu gênero literário favorito.
CLASSIFICAÇÃO:
"Às vezes, tudo que você pode fazer simplesmente não é o suficiente. Algumas coisas estão acima da nossa capacidade de interferência ou escolha. A morte, o amor, a dor que se segue à perda não são acontecimentos aos quais podemos fugir. Todos nós teremos de encará-los, cedo ou tarde."
Hadassa é o tipo de mulher forte que não sucumbe diante do mal. Mesmo com o coração em pedaços, ela tem fé e coragem para lutar e viver um dia de cada vez. Tendo o amor como ponto de partida em sua busca por sobrevivência, a perseverança e as lutas internas da personagem no decorrer do livro servem de aprendizado para nós e, sem dúvida, a desconstrução de conceitos pré-estabelecidos é o ponto alto da narrativa, pois nos leva à diversas conclusões sobre nossa própria vida, inclusive a de que, por mais adversa e terrível que seja a situação em que nos encontramos, se semearmos amor, aprenderemos a enxergar a possibilidade de amar com outros olhos. Apaixonante do início ao fim, Insígnias é capaz de mostrar o outro lado da moeda e a vida sob outra ótica.
Posso dizer que fazia tempo que eu não tinha me emocionado tanto com uma narrativa, foi uma experiência totalmente gratificante e surpreendente. Com uma capa maravilhosa e um significado profundo envolvendo o título, essa leitura é obrigatória para os fãs de romance histórico e da literatura nacional.
*** Este livro foi o escolhido do mês de junho para cumprir o Desafio 12 Meses Literários 2018, cujo tema era meu gênero literário favorito.
CLASSIFICAÇÃO:
ÓTIMO |
eu vi a capa e achei linda ai eu fui ler sua resenha e fiquei tipo OI BRASEEEEL???
ResponderExcluirQue livro forte, uma leitura pesada e carregada de sentimentos, eu gosto de livros assim, eles me fazem refletir muitas coisas. Vou ver se consigo encaixar esse livro no cronograma do mês que vem e volto aqui pra gente conversar!
Que resenha mais linda!
ResponderExcluirNão conhecia a obra ainda, mas a temática e o modo como a história foi desenvolvida já me interessou. Vou deixar sua dica anotada aqui.
Beijos!
Resenha extremamente bem escrita. Os fatos mais importantes foram bem acentuados, levando o leitor a sentir vontade de adquirir um exemplar. Além disso, a temática do livro é extremamente interessante. Vou providenciar meu exemplar.
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirAdorei a sua resenha está muito bem escrita, já vi algumas resenhas sobre esse livro e esse titulo sempre me chama atenção. Quero ler ele em breve, me parece de tirar o folego.
Beijos
Oi Milena.
ResponderExcluirEstou bem curiosa com a história e depois de conhecer sua opinião, quero tentar ler este livro o mais breve possível. A história deve ser bem forte e deve tirar o fôlego também. Dica anotada e parabéns pela resenha.
Bjos
https://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/
Amo histórias de período histórico.
ResponderExcluirAinda mais quando a história é bem escrita e se distancia o máximo possível de O Diário de Anne Frank.
Gostei que a autora conseguiu incluir romance no meio de uma história tão densa e não ficar superficial ou "empurrado" sabe? Amar no meio do Holocausto deve ser bem difícil de se retratar.
Achei a capa bem bonita também.
https://thereviewbooks.com.br/
@thereviewbooks | #thereviewbooks
Olá!
ResponderExcluirJá no primeiro parágrafo de sua resenha fui fisgada pelo livro. Eu simplesmente sou fascinada por dramas/romances de guerra. Principalmente a Segunda Guerra Mundia. Tem uma proposta diferente e interessante. Anotadíssimo a dica.
Nizete
Cia do Leitor